quinta-feira, 3 de março de 2016

Curiosidades - Oncologista realiza estudo com plantas amazônicas para tratamento de sintomas do câncer

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O oncologista e coordenador do HCor Onco, Dr. Auro Del Giglio, realizou um estudo com pacientes da Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo, que aponta o consumo de extrato seco de guaraná na diminuição da fadiga em mulheres com câncer submetidas à quimioterapia. O estudo avaliou 75 pacientes, das quais 66% relataram melhora com o uso do guaraná. Além disso, as propriedades psico-estimulantes da substância não proporcionaram níveis maiores de insônia ou ansiedade no grupo pesquisado.

Além do guaraná, outro medicamento que está sendo estudado é à base da planta medicinal Unha de Gato, que é encontrada na Amazônia e já vinha sendo usada para tratamentos reumatológicos. Na literatura médica, o fitoterápico já é usado para tratar doenças inflamatórias como artrite e osteoartrose. Mas essa é a primeira vez que se avalia os benefícios do medicamento contra câncer.
Para o estudo, foram avaliados pacientes com diversos tipos de tumores em estágio avançado da doença, para os quais já não era mais indicada a quimioterapia. “O tratamento foi aplicado em pacientes cuja qualidade de vida era bastante reduzida devido ao avanço da doença e quando já não havia outro tratamento a ser oferecido”, salienta Dr. Auro Del Giglio.
Segundo o oncologista, “os pacientes receberam um comprimido do fitoterápico três vezes ao dia e a conclusão foi que, além de melhorar a disposição desses pacientes e contribuir para diminuir a fadiga, em três deles (8% do total) o câncer não progrediu durante um ano”.
A fadiga relacionada ao câncer é um sintoma comum em pacientes oncológicos e uma das queixas mais frequentes nos consultórios. Não existe tratamento padrão e eficaz para o problema, que é reportado como fator de maior impacto nas atividades diárias dos doentes, com reflexo importante na qualidade de vida.
Considerada um sintoma persistente, esta fadiga causa cansaço físico, emocional e cognitivo, e pode interferir na capacidade funcional do paciente. “De 70% a 90% dos pacientes com câncer apresentam cansaço quando submetidos a tratamentos como radioterapia ou quimioterapia. Além disso, trabalhos indicam que a fadiga pode persistir por anos nesta população, mesmo após o tratamento quimioterápico”, explica Dr. Auro.
O guaraná é uma planta nativa da Amazônia e tem suas sementes usadas comumente na medicina alternativa por ser considerada substância supostamente estimulante, afrodisíaca e tônica segundo conhecimento popular. Em seres humanos, o uso de guaraná pode apresentar fatores favoráveis sobre a memória e funções cognitivas. Fora do país, não existe referência na literatura médica que possa ser comparado a este estudo ou que use esse tipo de tratamento.
De acordo com o médico, “os pacientes responderam positivamente ao tratamento. De forma geral, o medicamento não deve ser usado sem orientação médica, porque, mesmo sendo um fitoterápico não o exime de ter efeitos colaterais e interação (reação) com outros tratamentos”.
O estudo
As pacientes foram divididas em dois grupos. O primeiro tomou extrato seco de guaraná por 21 dias, enquanto o segundo recebeu placebo. Após sete dias sem tratamento, os grupos foram invertidos, ou seja, durante mais 21 dias o primeiro tomou placebo e o segundo guaraná.
Foram avaliados a eficácia do guaraná no tratamento da fadiga relacionada ao câncer de mama que apresentavam fadiga após o primeiro ciclo de quimioterapia. Foram detectados também distúrbios do sono, sintomas de menopausa e ansiedade e a fadiga reportada pelas pacientes diminuiu significativamente com uso do guaraná.
Outros resultados do tratamento são distúrbios do sono, que foram detectados inicialmente nos dois grupos estudados. Houve melhora da qualidade do sono após uso do guaraná e não houve diferença significante em relação à ansiedade e depressão.
“O extrato de guaraná é uma alternativa efetiva, de baixo custo e não tóxica nas doses utilizadas nesse estudo para o tratamento de fadiga em mulheres com câncer de mama submetidas à quimioterapia”, finaliza Dr. Auro Del Giglio.

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