terça-feira, 20 de agosto de 2013

Radiação - Protocolo pretende oferecer proteção radiológica.

O objetivo é orientar a população quanto a necessidade de controle da exposição
A rotina da maternidade, com idas frequentes ao pediatra, já não assustam mais Mariana Rosa Maritã Modesto, de 27 anos, que é mãe de dois meninos, Cainã, de 8 anos, e Guilherme, de 2 anos. No entanto, ela nunca imaginou que fosse tão perigosa a frequência de um exame comum e muito solicitado pelo pediatra para verificação dos sintomas da sinusite nos filhos: o raio-x. "O meu filho mais velho sofre muito com sinusite e já fizemos inúmeros exames. Não imaginava que o raio-x fosse tão maléfico a longo prazo", disse ela.

Isso porque Mariana descobriu recentemente, por meio de uma palestra, que a exposição à radiação é cumulativa ao longo da vida e aumenta as chances do paciente desenvolver doenças como radiodermite (lesões na pele), catarata precoce e canceres como de pele e tecido linfático, entre outros. "Eu fiquei preocupada porque aqui no Brasil é muito comum a realização de raio-x. Porém, a partir de agora, vou pedir cautela aos médicos", admitiu.

O que Mariana soube e prometeu realizar é o objetivo da equipe médica da Unimed Sorocaba, que começou neste mês de agosto o desenvolvimento da Campanha Image Gently, já desenvolvida nos EUA desde 2008. A médica radiologista Mônica Oliveira Bernardo, integrante do Comitê de Radiologia da unidade, explica que o objetivo não é assustar ou inviabilizar a realização de exames radiológicos, como raio-x e tomografias, mas sim, orientar a população quanto a necessidade de controle da exposição que eles provocam.

"Estudos específicos do Colégio Americano de Radiologia já nos dizem que todo ser humano tem chances de desenvolver doenças como o câncer. Estes estudos também nos mostram que a exposição humana a exames de raio-x e tomografia aumenta as chances. Isso não quer dizer que as pessoas expostas terão estas doenças, isso depende de uma série de fatores, principalmente do estado geral do organismo. Mas se sabemos disso e podemos evitar, porque não fazê-lo?", indaga ela.

Alternativas

Para isso, desde 2011 a Unimed do Brasil engajou-se à causa com a criação de um banco de dados. "Junto com a equipe técnica, fizemos levantamentos e protocolos e começamos a trabalhar com os pediatras", diz Mônica. E agora, neste mês de agosto, a unidade lançou a campanha, pioneira em Sorocaba, que tem como principal foco proteger as crianças/pacientes.

"A Carteira de Radioproteção será distribuída às mães de crianças da unidade até o final deste ano. A composição é semelhante à carteira de vacinação. Todo exame de exposição radiológico é anotado. O objetivo é evitar excessos e controlar a exposição", afirma. No entanto, a especialista assume que o principal obstáculo da proposta é a cultura social que envolve médicos e pacientes.

"Indiscutivelmente, quando o raio-x é utilizado, por exemplo, o médico fica mais tranquilo e a família, mais segura. Mas nos EUA o raio-x só é feito quando há dúvida médica. O protocolo lá impede os excessos. Aqui no Brasil há sugestão de controle, mas ainda há uma cultura de que o ideal é confirmar o diagnóstico por meio destes exames de exposição", diz.

Neste sentido a campanha aponta alternativas. Por exemplo, tanto o raio-x como a tomografia podem ser substituídos, em muitos casos, pelo ultrassom e a ressonância. "O custo é semelhante e nestes exames não há exposição radiológica. São opções", garante.

Atenção

Para se ter ideia do quanto um exame de raios-x é prejudicial, a médica faz algumas comparações. "Um frontal simples equivale a um dia inteiro de radiação solar; uma tomografia de crânio corresponde a mais de oito meses de radiação natural e uma tomografia de abdômen, a mais de vinte meses de exposição ao sol", afirma.

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