A enfermeira Geruza Sarkis, de 32 anos, acusa quatro policiais militares de espancarem seu marido Magdiel Welligthon, de 24 anos, até a morte, após uma perseguição na segunda-feira (21) na cidade de Capixaba, distante 72 Km de Rio Branco. A esposa afirma que o técnico em radiologia morreu após ter sido espancado dentro de casa no bairro Quixadá Amorim, onde a família morava.
Gerusa conta que chegou em casa por volta das 19h e seu marido estava bebendo e ouvindo música com um vizinho na frente de casa. Ela diz que a bateria do carro descarregou e ele saiu para tentar carregar. "Há seis meses ele estava aguardando o Detran de Nova Mamoré [RO], onde trabalhava, entregar a carteira de habilitação, então ele dirigia sem essa autorização. No instante que saiu para carregar a bateria do carro começou a ser perseguido pelos policiais".
A esposa afirma que ficou sabendo da perseguição pelos moradores e ainda chegou a pegar seu carro para tentar encontrar o marido. "Foi uma coisa muita rápida, ainda cheguei a ver o carro da polícia e o dele passando por mim, rapidamente. Quando cheguei em casa, vi o carro da PM estacionado em frente a minha garagem e ele já estava jogado no chão, sangrando muito pela boca e com uma dificuldade enorme para respirar", conta.
Diante da situação, Gerusa conta que moradores começaram a se aglomerar próximo à sua casa. Porém, ela afirma que os PMs não deixavam ninguém se aproximar e acusa os policiais de omissão de socorro. "Eu pedi que chamassem o Samu. Sou enfermeira, eu sabia que meu marido estava morrendo. Um dos policiais colocou o dedo na minha cara e disse: 'se afaste, senão vai sobrar para a senhora também'. Ainda vi que chutaram ele para poder virar ele de costas e algemá-lo".
De acordo com Gerusa, os moradores começaram a ameaçar, filmar a ação, somente assim os policiais colocaram Magdiel na carroceria da L200 da viatura. "Jogaram ele como se fosse um porco mesmo, a cabeça dele bateu na carroceria. Eu só peço justiça, porque eu sei que a vida dele, eu não vou poder trazer de volta", desabafa.
O técnico em radiologia ainda chegou a ser encaminhado para o hospital, mas não resistiu. A esposa diz que os laudos apontaram agressões físicas, inclusive o nariz do homem estava quebrado. Gerusa quer que os profissionais sejam investigados. "Tem que servir de lição para as pessoas que não sabem exercer seu cargo. Tiraram a vida de um pai de família. Eu não quero que outras pessoas passem pelo o que estou passando", diz emocionada.
Magdiel Welligthon era técnico de radiologia e trabalhava em Nova Mamoré, em Rondônia. A esposa trabalha como enfermeira em Capixaba há seis anos. O casal estava junto há um ano e tinha um filho de dois anos, que não era de Magdiel, mas ele criava junto com a esposa.
O G1 procurou a Polícia Militar e falou com o autorizado a falar sobre o caso, major Atahualpa Ribeiro. De acordo com ele, o caso está sendo apurado pela instituição e os quatros PMs envolvidos na ocorrência foram afastados e estão presos no Batalhão do Pelotão Ambiental de Rio Branco.
"A Polícia Civil ouviu os quatro militares, eles foram presos em flagrante e foram entregues para a PM. Até que se esclareçam os fatos, a gente precisa realmente afastá-los. Eles estão à disposição da Justiça e o compromisso da PM é com a verdade. Nós queremos esclarecer o que aconteceu e vamos apurar para saber detalhes da história", garante.
O corpo de Magdiel Welligthon foi levado para ser sepultado na cidade de Ouro Preto (RO), onde moram seus familiares.
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