sábado, 12 de maio de 2012

Dia do Enfermeiro

Enfermagem é uma ciência cuja essência e especificidade é o cuidado ao ser humano individualmente, na família ou em comunidade de modo integral e holístico (num todo indivisível), desenvolvendo autonomamente ou em equipe, actividades de promoção e protecção da saúde e prevenção e recuperação de doenças ou de estados de alteração da saúde.
O conhecimento que fundamenta o cuidado de enfermagem deve ser construído na intersecção entre a filosofia, que responde à grande questão existencial do homem, a ciência e tecnologia, tendo a lógica formal como responsável pela correcção normativa (normas de actuação) e a ética, numa abordagem comprometida com a emancipação humana e evolução das sociedades.
Para além da Enfermagem geral existem ainda as Especialidades em Enfermagem:
· A Especialidade de Enfermagem Comunitária;
· A Especialidade de Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica;
· A Especialidade de Enfermagem de Reabilitação;
· A Especialidade de Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica;
· A Especialidade de Enfermagem em Terapia Intensiva;
· A Especialidade de Enfermagem em Administração.
Os Mestrados e Doutoramentos na área de Enfermagem têm sido reveladores de promissoras evoluções desta ciência, no âmbito das constantes investigações feitas nas mais diversas vertentes da Enfermagem. Para a frequência do curso, que já é ensino superior, é necessário ter o 12ºAno e concorrer para poucas vagas e com elevadas médias de entrada.
Origem da Profissão
A profissão surgiu do desenvolvimento e evolução das práticas de saúde no decorrer dos períodos históricos. As práticas de saúde instintivas (por instinto) foram as primeiras formas de prestação de assistência. Numa primeira fase da evolução da civilização, estas acções garantiam ao homem a manutenção da sua sobrevivência, estando na sua origem, associadas ao trabalho feminino, caracterizado pela prática do cuidar nos grupos nómadas primitivos, levando em linha de conta a espiritualidade de cada um relacionada com a do grupo em que vivia. Mas, como o domínio dos meios de cura passaram a significar poder, o género masculino (o homem), aliando este conhecimento ao misticismo, fortaleceu tal poder e se apoderou dele.
As práticas de saúde mágico-sacerdotais abordavam a relação mística entre as práticas religiosas e de saúde primitivas desenvolvidas pelos sacerdotes nos templos. Este período corresponde à fase de empirismo (em que as coisas se faziam por tentativa e erro sem nenhum fundamento cientifico mas sim com base na experiência de quem ministrava os cuidados). Essas acções permanecem por muitos séculos desenvolvidas nos templos que, a princípio, foram simultaneamente santuários e escolas, onde os conceitos primitivos de saúde eram ensinados.
Posteriormente, desenvolveram-se escolas específicas para o ensino da arte de curar no sul da Itália e na Sicília, propagando-se pelos grandes centros do comércio, nas ilhas e cidades da costa.
A prática de saúde, antes mística e sacerdotal (inicia-se no século V a.C., estendendo-se até os primeiros séculos da Era Cristã), passa agora a ser um produto desta nova fase, baseando-se essencialmente na experiência, no conhecimento da natureza, no raciocínio lógico que desencadeia uma relação de causa e efeito para as doenças e na especulação filosófica, baseada na investigação livre e na observação dos fenómenos, limitada, entretanto, pela ausência quase total de conhecimentos sobre a anatomia e fisiologia do corpo humano. Essa prática individualista volta-se para o homem e suas relações com a natureza e suas leis imutáveis. Este período é considerado pela medicina grega como período hipocrático, destacando a figura de Hipócrates (Hipócrates de Cós - nasceu na Antiga Grécia, considerado por muitos como uma das figuras mais importantes da história da saúde – é frequentemente considerado o "Pai da Medicina" ou o "Pai das Profissões da Saúde"), que propôs uma nova concepção em saúde, dissociando a arte de curar dos preceitos místicos e sacerdotais, através da utilização do método indutivo, da inspecção e da observação. Não há caracterização nítida da prática de Enfermagem nesta época.
As práticas de saúde medievais focalizavam a influência dos factores socio-económicos e políticos do medieval e da sociedade feudal nas práticas de saúde e as relações destas com o cristianismo. Esta época corresponde ao aparecimento da Enfermagem como prática leiga, desenvolvida por religiosos e abrange o período medieval compreendido entre os séculos V e XIII. Foi um período que deixou como legado uma série de valores que, com o passar dos tempos, foram aos poucos legitimados a aceitos pela sociedade como características inerentes à Enfermagem. A abnegação, o espírito de serviço, a obediência e outros atributos que dão à Enfermagem, não uma conotação de prática profissional, mas de sacerdócio.
As práticas de saúde pós monásticas evidenciam a evolução das acções de saúde e, em especial, do exercício da Enfermagem no contexto dos movimentos Renascentistas e da Reforma Protestante. Corresponde ao período que vai do final do século XIII ao início do século XVI. A retomada da ciência, o progresso social e intelectual da Renascença e a evolução das universidades não constituíram factor de crescimento para a Enfermagem.
Enclausurada nos hospitais religiosos, permaneceu empírica e desarticulada durante muito tempo, vindo desagregar-se ainda mais a partir dos movimentos de Reforma Religiosa e das conturbações da Santa Inquisição. O hospital, já negligenciado, passa a ser um insalubre depósito de doentes, onde homens, mulheres e crianças utilizam as mesmas dependências, amontoados em leitos colectivos.
Sob exploração deliberada, considerada um serviço doméstico, pela queda dos padrões morais que a sustentava, a prática de enfermagem tornou-se indigna e sem atractivos para as mulheres de casta social elevada. Esta fase, que significou uma grave crise para a Enfermagem, permaneceu por muito tempo e apenas no limiar da revolução capitalista é que alguns movimentos reformadores, que partiram, principalmente, de iniciativas religiosas e sociais, tentam melhorar as condições do pessoal a serviço dos hospitais.
As práticas de saúde no mundo moderno analisam as acções de saúde e, em especial, as de Enfermagem, sob a óptica do sistema político-económico da sociedade capitalista. Ressaltam o surgimento da Enfermagem como actividade profissional institucionalizada. Esta análise inicia-se com a Revolução Industrial no século XVI que termina com o surgimento da Enfermagem moderna na Inglaterra, no século XIX.
Enfermagem Moderna
O avanço da Medicina vem favorecer a reorganização dos hospitais. É na reorganização da Instituição Hospitalar e no posicionamento do médico como principal responsável por esta reordenação, que vamos encontrar as raízes do processo de disciplina e seus reflexos na Enfermagem, ao ressurgir da fase sombria em que esteve submersa até então.
Naquela época, estiveram sob piores condições, devido a predominância de doenças infecto-contagiosas e à falta de pessoas preparadas para cuidar dos doentes. Os ricos continuavam a ser tratados em suas próprias casas, enquanto os pobres, além de não terem esta alternativa, tornavam-se objecto de instrução e de experiências que resultariam num maior conhecimento sobre as doenças em benefício da classe abastada.
É neste cenário que a Enfermagem passa a actuar, quando Florence Nightingale é convidada pelo Ministro da Guerra de Inglaterra para trabalhar junto aos soldados feridos em combate na Guerra da Criméia.
Período Florence Nightingale
1891, Florence (1820 - 1920) - Enfermeira que criou o conceito moderno de enfermagem.
Esta mulher em particular, foi uma referência na enfermagem. Nascida a 12 de Maio de 1820, em Florença, Itália, era filha de ingleses. Possuía inteligência incomum, tenacidade de propósitos, determinação e perseverança, o que lhe permitia dialogar com políticos e oficiais do Exército, fazendo prevalecer suas ideias. Dominava com facilidade o inglês, o francês, o alemão, o italiano, além do grego e latim.
No desejo de realizar-se como enfermeira, passa o Inverno de 1844 em Roma, estudando as actividades das Irmandades Católicas. Em 1849 faz uma viagem ao Egipto e decide-se a servir a Deus.
Decidida a seguir sua vocação, procura completar seus conhecimentos que julga ainda insuficientes, visita o Hospital de Dublin dirigido pela Irmãs de Misericórdia, Ordem Católica de Enfermeiras, fundada 20 anos antes. Conhece as Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo, na Maison de La Providence em Paris. Aos poucos vai se preparando para a sua grande missão. Em 1854, Inglaterra, França e a Turquia declaram guerra à Rússia: é a Guerra da Criméia. Os soldados acham-se no maior abandono. A mortalidade entre os hospitalizados é de 40%.
Florence partiu para Scutari (cidade Italiana) com 38 voluntárias entre religiosas e leigas vindas de diferentes hospitais. Algumas enfermeiras foram despedidas por incapacidade de adaptação e principalmente por indisciplina. A mortalidade decresce de 40% para 2%. Os soldados fazem dela o seu anjo da guarda e ela será imortalizada como a "Dama da Lâmpada" porque, de lanterna na mão, percorre as enfermarias, atendendo os doentes. Durante a guerra contrai tifo e ao retornar da Criméia, em 1856, leva uma vida de inválida. Dedica-se com ardor, a trabalhos intelectuais. Pelos trabalhos na Criméia, recebe um prémio do Governo Inglês e, graças a este prémio, consegue iniciar o que para ela é a única maneira de mudar os destinos da Enfermagem – uma Escola de Enfermagem em 1959.
Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas que foram fundadas posteriormente. A disciplina rigorosa, do tipo militar, era uma das características da escola Nightingaleana, bem como a exigência de qualidades morais das candidatas. O curso, de um ano de duração, consistia em aulas diárias ministradas por médicos.
Nas primeiras escolas de Enfermagem, o médico foi de facto a única pessoa qualificada para ensinar. A ele cabia então decidir quais das suas funções poderiam colocar nas mãos das enfermeiras. Florence morre em 13 de Agosto de 1910, deixando florescente o ensino de Enfermagem.
Assim, a Enfermagem surge não mais como uma actividade empírica, desvinculada do saber especializado, mas como uma ocupação assalariada que vem atender a necessidade de mão-de-obra nos hospitais, constituindo-se como uma prática social institucionalizada e específica.
Primeiras Escolas de Enfermagem
Apesar das dificuldades que as pioneiras da Enfermagem tiveram que enfrentar, devido à incompreensão dos valores  necessários ao desempenho da profissão, as escolas se espalharam pelo mundo, a partir da Inglaterra. Nos Estados Unidos a primeira Escola foi criada em 1873. Em 1877 as primeiras enfermeiras diplomadas começam a prestar serviços a domicílio em Nova Iorque.
Hoje em dia, temos várias escolas a funcionar em Portugal, que formam todos os anos enfermeiros com grau de licenciatura, que infelizmente, se continuam a dirigir aos grandes centros populacionais para exercer a sua actividade, deixando o interior cada vez mais sozinho, entregue a um número cada vez menor de profissionais de saúde.
É um curso que demora cerca de 4 anos com uma carga horária de base de cerca de 5 mil horas, onde se vai tomando contacto com a teoria e com a prática a ser exercida já junto aos doentes nos hospitais, sendo por vezes muito duro de ver algumas das coisas no dia-a-dia e levando mesmo todos os anos alguns alunos a desistir dos cursos e a optar por outras áreas.
Enfermagem nos nossos dias
A enfermagem vê as pessoas como seres totais (holísticos), que possuem família, cultura, têm passado e futuro, crenças e valores que influenciam nas experiências de saúde e doença. Contudo, a enfermagem é uma ciência humana não podendo estar limitada à utilização de conhecimento relativo às ciências naturais. A enfermagem lida com seres humanos, que apresentam comportamentos peculiares construídos a partir de valores, princípios, padrões culturais e experiências que não podem ser questionados e tão pouco considerados como elementos separados.
A enfermagem tem-se desenvolvido num tipo "particular" de conhecimento. É frequente, na enfermagem, as enfermeiras depararem-se com situações que requerem acções e decisões para as quais não há respostas científicas. Em várias situações outras formas de conhecimento provêm da sua própria experiência como pessoas e compreensão.
O que caracteriza o exercício de enfermagem é o facto de que ele engloba outros padrões de conhecimento, além do empírico, inclui aspectos que reflectem crenças e valores. A pessoa da enfermeira, as pessoas com quem interage, assim como os conhecimentos próprios que resultam da arte de enfermagem, são também incluídos. A enfermagem apropria-se de conhecimentos de outras áreas.
A Enfermagem tem actualmente uma linguagem própria, constantemente actualizada e editada por um Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN), designada por Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE). Esta classificação guia os enfermeiros na formulação de diagnósticos de enfermagem, planeamento das intervenções e avaliação dos resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem.
Tudo isto tem levado a uma progressão dos conhecimentos e um aumento substancial do nível de conhecimentos, com um maior campo de actuação mas sempre virada para aparte humana das pessoas, não que a parte mais médica não seja importante, mas por serem os enfermeiros que passam as 24h do junto aos doentes, que maior disponibilidade têm e maior envolvimento conseguem com as famílias.
Existe um grande desenvolvimento da enfermagem quer em termos humanos, quer em termos técnicos, pois durante a sua formação base, a enfermeira tem de aprender um elevado número de técnicas, procedimentos, ter elevados conhecimentos de farmacologia, pois para além de conhecer os fármacos, tem de saber como administra-los, o que nem sempre é fácil, tem acima de tudo de saber movimentar-se em vários ramos, ao invés do médico que se sobre especializa numa área e daí não passa.
Resumindo, cada vez mais o peso da responsabilidade na organização que são os hospitais, é elevado e demonstra a importância que a enfermagem tem na sociedade. Tantas vezes mal tratados, mas sempre as enfermeiras quem primeiro socorre que aflito está.
Chama-se sempre pela mãe quando estamos doentes e em sofrimento, a seguir pela enfermeira!
CONCLUSÃO
Muito mais haveria a dizer sobre uma profissão tão ligada ao sofrimento humano, que todos os dias tem de gerir os seus próprios sentimentos, colocar de parte preconceitos, religião, credos, ideologias, pois também os enfermeiros são seres humanos, e cuidar de todos aqueles que apresentam alterações do estado de saúde, mesmo quando os próprios não o sabem.
Pelos relatos e histórias que ouço todos os dias, verifico o quanto é difícil o exercício desta profissão, mas também sei o quanto se faz para que aos doentes e suas famílias nada falte que possa por em risco o tratamento da doença.
Foi muito gratificante o poder aprender um pouco mais da história desta profissão, sei que muito mais ficou por dizer, sei que deixo uma porta aberta para um posterior estudo mais profundo e espero que possa contribuir para uma melhor compreensão desta, pelo menos junto dos meus colegas.

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