Pais de Maria Eduarda, de 7 anos, estão inconformados com a morte da
menina na quarta-feira (30). A menina, que tinha uma forma rara de
leucemia diagnosticada em 2010, foi vítima de queimaduras graves durante
tratamento da doença, no Centro Radioterápico San Peregrino, na Tijuca,
na Zona Norte do Rio, como informa o RJTV.
Segundo os pais, Maria Eduarda começou a fazer as sessões de
quimioterapia logo após o diagnóstico. Mas os médicos informaram que
seria necessário complementar o tratamento com radioterapia.
As sessões foram feitas no centro radioterápico, que funciona dentro do
Hospital Venerável da Ordem Terceira da Penitência, na Tijuca, em
outubro do ano passado. A família percebeu que a pele da menina
escureceu, mas segundo o pai de Maria Eduarda, a médica responsável pelo
tratamento disse que era um dos efeitos colaterais.
“Quando começaram a se manifestar as lesões na cabeça no couro
cabeludo, ainda estava no início e eu ainda levei foto, expliquei a ela
que não era normal. Inclusive os médicos nunca viram coisa igual”, disse
o pai de Maria Eduarda, Ronaldo Rodrigues Rosa.
As sessões continuaram e a menina começou a apresentar queimaduras na
orelha, na cabeça e danos cerebrais, que levaram a dificuldades para
falar e andar.
Os pais de Maria Eduarda a levaram ao hospital para fazer curativos.
Segundo a equipe médica que atendeu a menina, ela desenvolveu a Síndrome
Cutânea da Radiação, que acontece quando o paciente é exposto a
radioterapia. No caso da menina, ela apresentou o grau mais profundo do
problema. O lobo direito frontal do cérebro foi afetado. Esta parte é
responsável, entre outras funções, pelo comportamento e capacidade de
locomoção.
O pai entrou com uma ação na 4ª Vara Cível de Bangu, na Zona Oeste. O
juiz responsável pelo caso nomeou um médico do Instituto Nacional do
Câncer (Inca) para fazer uma perícia no equipamento de radioterapia
usado na menina durante as sessões.
De acordo com o laudo, a máquina não tinha nenhum defeito na regulagem.
Mas o perito não pode analisar a dose ministrada na paciente, porque as
informações ficam na ficha de tratamento. As fichas que já tinham sido
enviadas para o advogado de defesa do centro radioterápico.
O perito concluiu que o protocolo de atendimento foi seguido, mas não
descartou a possibilidade de ter havido erro humano no cálculo ou na
aplicação da dose durante o tratamento.
Segundo a família de Maria Eduarda, o centro radioterápico propôs um
acordo para resolver a questão. Mas eles preferiram o levar o caso
adiante e esperam que os culpados sejam punidos.
Homicídio culposo
O caso está na 19ª DP (Tijuca), de acordo com a polícia, a física Lídia
Cristina Salzberg e os técnicos Hosana Pereira Cirino e Richardson
Magno Medeiros de Moura responder homicídio culposo. O caso foi
encaminhado à Justiça.
Lídia é a física que calculou a quantidade das sessões de radioterapia,
e os outros dois são as pessoas que operavam a máquina de radioterapia.
O Centro Radioterápico San Peregrino foi interditado no dia 17 de
fevereiro e continua interditado até hoje. Em nota, a Clínica San
Peregrino disse que, assim que as causas das lesões foram identificadas,
começou a prestar tratamento especializado. Ainda determinou a seus
médicos e advogados que se prontificassem a oferecer toda a ajuda
necessária e solicitada pelos pais da menina.
Sobre os funcionários que vão responder por homicídio culposo, a
clínica disse que espera o pronunciamento das autoridades para definir a
condução do caso.
O Tribunal de Justiça, em nota, disse que, até agora, não houve
comunicação oficial sobre a morte de Maria Eduarda. Ainda segundo o
TJ-RJ, também não houve petição e a juíza tomou conhecimento do caso
pela imprensa.
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