
Segundo os pais, Maria Eduarda começou a fazer as sessões de
quimioterapia logo após o diagnóstico. Mas os médicos informaram que
seria necessário complementar o tratamento com radioterapia.
As sessões foram feitas no centro radioterápico, que funciona dentro do
Hospital Venerável da Ordem Terceira da Penitência, na Tijuca, em
outubro do ano passado. A família percebeu que a pele da menina
escureceu, mas segundo o pai de Maria Eduarda, a médica responsável pelo
tratamento disse que era um dos efeitos colaterais.
“Quando começaram a se manifestar as lesões na cabeça no couro
cabeludo, ainda estava no início e eu ainda levei foto, expliquei a ela
que não era normal. Inclusive os médicos nunca viram coisa igual”, disse
o pai de Maria Eduarda, Ronaldo Rodrigues Rosa.
As sessões continuaram e a menina começou a apresentar queimaduras na
orelha, na cabeça e danos cerebrais, que levaram a dificuldades para
falar e andar.
Os pais de Maria Eduarda a levaram ao hospital para fazer curativos.
Segundo a equipe médica que atendeu a menina, ela desenvolveu a Síndrome
Cutânea da Radiação, que acontece quando o paciente é exposto a
radioterapia. No caso da menina, ela apresentou o grau mais profundo do
problema. O lobo direito frontal do cérebro foi afetado. Esta parte é
responsável, entre outras funções, pelo comportamento e capacidade de
locomoção.
O pai entrou com uma ação na 4ª Vara Cível de Bangu, na Zona Oeste. O
juiz responsável pelo caso nomeou um médico do Instituto Nacional do
Câncer (Inca) para fazer uma perícia no equipamento de radioterapia
usado na menina durante as sessões.
De acordo com o laudo, a máquina não tinha nenhum defeito na regulagem.
Mas o perito não pode analisar a dose ministrada na paciente, porque as
informações ficam na ficha de tratamento. As fichas que já tinham sido
enviadas para o advogado de defesa do centro radioterápico.
O perito concluiu que o protocolo de atendimento foi seguido, mas não
descartou a possibilidade de ter havido erro humano no cálculo ou na
aplicação da dose durante o tratamento.
Segundo a família de Maria Eduarda, o centro radioterápico propôs um
acordo para resolver a questão. Mas eles preferiram o levar o caso
adiante e esperam que os culpados sejam punidos.
Homicídio culposo
O caso está na 19ª DP (Tijuca), de acordo com a polícia, a física Lídia
Cristina Salzberg e os técnicos Hosana Pereira Cirino e Richardson
Magno Medeiros de Moura responder homicídio culposo. O caso foi
encaminhado à Justiça.
Lídia é a física que calculou a quantidade das sessões de radioterapia,
e os outros dois são as pessoas que operavam a máquina de radioterapia.
O Centro Radioterápico San Peregrino foi interditado no dia 17 de
fevereiro e continua interditado até hoje. Em nota, a Clínica San
Peregrino disse que, assim que as causas das lesões foram identificadas,
começou a prestar tratamento especializado. Ainda determinou a seus
médicos e advogados que se prontificassem a oferecer toda a ajuda
necessária e solicitada pelos pais da menina.
Sobre os funcionários que vão responder por homicídio culposo, a
clínica disse que espera o pronunciamento das autoridades para definir a
condução do caso.
O Tribunal de Justiça, em nota, disse que, até agora, não houve
comunicação oficial sobre a morte de Maria Eduarda. Ainda segundo o
TJ-RJ, também não houve petição e a juíza tomou conhecimento do caso
pela imprensa.
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